sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Pós Graduação Lato Sensu em Tanatologia - Distância

A morte é uma experiência humana universal. Morrer e morte são mais do que eventos biológicos; eles têm uma dimensão social, psicológica, filosófica, antropológica, espiritual, estética e pedagógica. Questões sobre o significado da morte e o que acontece quando nós morremos são preocupações centrais para as pessoas em todas as culturas e têm sido desde tempos imemoriais. A morte coloca o ser humano diante de questões essenciais, de perguntas profundas, que não podem ser escamoteadas, pela discussão apenas de aspectos periféricos. Morrer bem, ter uma morte tranqüila, bem assistida, com o amparo médico, social, familiar ¬– tudo isso, sem dúvida faz parte do processo educativo para a morte.
Educar para morrer é educar a sociedade para a vida e cercar o ato de morrer dos melhores cuidados possíveis. Mas a educação para a vida e para a morte vai além, porque toca em todos os aspectos interdisciplinares acima mencionados e deveria começar desde as primeiras fases da infância, constituindo um elemento da educação das novas gerações.
Até meados do século XX, a assunto ainda era um tabu no mundo acadêmico, pois desde o século XIX, com a medicalização da morte e a preponderância dos modelos filosóficos positivista e niilista na cultura Ocidental, a morte torna-se, muitas vezes, um ato solitário, mecânico e desumano e como conseqüência, passa a ser não só temida como negada.
A partir da década de 60, como reação a esse processo, surge uma proposta de educação para a morte, dentro da Universidade, com a criação da Tanatologia, uma ciência naturalmente interdisciplinar, nascida nos Estados Unidos, com os trabalhos pioneiros do psicólogo Hermann Feifel (The Meaning of Death, 1959). Elisabeth Kubler-Ross, médica suíça radicada nos EUA, deu um formato científico a essa proposta (Sobre a Morte e o Morrer, 1967) e se tornou referência mundial no assunto, com vários livros traduzidos aqui no Brasil.
As propostas de Educação para a Morte no Brasil tiveram seu início com os trabalhos pioneiros da psicóloga Wilma da Costa Torres na UFRJ ( A Criança diante da Morte) e do Filósofo e Educador Herculano Pires com o livro intitulado Educação para a Morte, 1979 nos idos da década de 1970. Outras propostas vêm surgindo ao longo das últimas décadas, valendo ressaltar os trabalhos da Profa.Dra Maria Júlia Kóvacs com a criação do LEM na Faculdade de Psicologia da USP, do Prof.Dr. Léo Pessini na Faculdade São Camilo-SP, do Prof.Dr Marco Túlio na UNIFESP, da Profa.Dra Maria Helena Franco na PUC-SP, da Profa. Dra. Ligia Py na UFRJ,e da Profa.Dra. Magli Roseira Boemer na USP-Ribeirão Preto. Todas essas propostas apresentam diferentes enfoques, formatos e cargas horárias. O I curso de Tanatologia com o apoio, inicial, da Disciplina de Emergências Clínicas da FMUSP realizado no ano de 2007 trabalhou com 200 alunos das mais diversas categorias profissionais, quebrando vários paradigmas dentro dessa área, resgatando a discussão da espiritualidade de uma forma inter-religiosa no meio acadêmico e tornou-se pioneiro em muitas perspectivas, dentro desse tema, ao abordar questões, visões e práticas ainda não contempladas por outros cursos. Como fruto de trabalho desses quatro primeiros cursos surgiram 5 livros sobre o assunto : A Arte de Morrer-Visões Plurais-Vol 1, 2 e 3, editora Comenius, sendo que o primeiro volume foi finalista do prêmio Jabuti de 2008, o 3º volume foi lançado em novembro de 2010, no dia da fundação da SOBRATA-Sociedade Brasileira de Tanatologia, e Cuidados Paliativos-Discutindo a Vida, a Morte e o Morrer pela editora Atheneu (lançado no 3º trimestre de 2009, e já na sua 3ª edição-sucesso de venda e de crítica), e Cuidados Paliativos-Diretrizes, Humanização e Alívio de Sintomas, além do livro A Arte de Cuidar-Saúde, Espiritualidade e Educação, e quatro DVDs contendo as propostas de reflexão e prática das oficinas(2007, 2008, 2009 e 2010) dos alunos envolvendo as artes(música, teatro, dança etc) e um livro(série de 5 livros) de educação infantil (em construção), além disso foi aplicado um questionário, o qual servirá de material para a publicação de alguns artigos científicos. Como projeto piloto (2007) não foi possível incluir no primeiro ano outras abordagens que um tipo de curso e tema como esse exige. Por esse motivo, o curso já foi revisto e ampliado várias vezes, dobrando a carga horária ( passando de 64 para 128 hs) e introduzido novos elementos de discussão e reflexão. No 3º curso de Tanatologia a carga horária ficou em 144 horas, pois dessa forma poderíamos contemplar o assunto de uma maneira mais profunda. Na sua 4ª edição, o curso mudou de categoria passando de extensão para Aperfeiçoamento com o ganho de mais 26 horas, totalizando 180 horas. E nesse ano de 2011, chegamos com a maturidade da pós-graduação na modalidade Lato Sensu com 390hs e reconhecimento pelo MEC e acreditado pela Comissão Nacional de Acreditação, com pontuação, máxima de 10 pontos nas especialidades médicas de geriatria, clínica médica, e oncologia.
A morte é uma realidade muito viva e constante para aqueles que trabalham na área da saúde - entre eles, médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais – notadamente nas salas de emergência e UTIs e pacientes com doenças fatais que necessitam de cuidados paliativos. Observa-se aí um despreparo filosófico, psicológico, técnico e até mesmo existencial dos profissionais, para lidar com a morte iminente dos pacientes, para falar sobre ela com os familiares, como discuti-la de maneira interdisciplinar, bem como trabalhar sua própria mortalidade.
Apesar da morte ser uma vivência mais presente na área da saúde, não é propriedade privada das áreas biológicas e nem é um tema que está restrito a estes profissionais. Trata-se da realidade mais certa, mais pessoal e mais universal do ser humano. As ciências biológicas não têm todas as respostas e por isso tornam-se necessárias abordagens outras – filosóficas, religiosas, estéticas e educacionais. Assim, justamente por se tratar de um fenômeno propriamente humano – pois o homem é o único animal que tem consciência da própria morte - um curso de educação para a morte interessa a pessoas de qualquer área e tem de ser necessariamente interdisciplinar e com um enfoque plural.
Este curso, mais do que dar respostas prontas e definitivas, pretende trazer uma reflexão plural e interdisciplinar, na medida do possível, incluindo as diferentes perspectivas da morte e do morrer, a partir das várias áreas e correntes científicas, religiosas, filosóficas, pedagógicas e estéticas. Longe de esgotar o assunto tem por objetivo levantar questões, provocar uma reflexão e um debate maduro, desencadeando novas propostas e abordagens de pesquisa, ensino e prática na área da Tanatologia.
O curso se constitui em cinco módulos temáticos: Visão Plural e Interdisciplinar da morte, Atitudes Religiosas, Atitudes Filosóficas, Atitudes Científicas, Atitudes Pedagógicas e Atitudes Estéticas, cada qual com diferentes abordagens.

Informações: http://www.saudeeducacao.com.br/content/dist%C3%A2ncia-lato-sensu

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